Wednesday, February 28, 2007
Já não uso rodinhas!!!
Há uma velha recordação que me vai acompanhar até morrer. O dia em que deixei de usar rodinhas na bicicleta.
Prós-putos mais radicais de agora, que apenas se sabem equilibrar em rodas numa prancha, antes da febre dos skates e dos in-lines, o mais radical que havia eram as bicicletas vilar, com cestinho de compras ou encosto no banco e umas rodinhas de aprendizagem no eixo traseiro. Como na altura as famosas "barras do tejadilho" ainda não se usavam, estas obras d'arte da engenharia nacional até tinham um quadro que se dobrava para caber dobradinha no Fiat 128 verde do meu pai...
Lembro-me perfeitamente, tinha uma bicicleta azul com grade atrás, para um potencial cesto de compras mas que na ausência deste, servia para amassar os rabos dos meus amigos que vinham à boleia em odisseias de 100metros, porque mais do que isso era insuportável para as minhas pernas prái de 8 anos. as rodinhas fixas no eixo traseiro evitavam esmurradelas indesejadas nos joelhos e na cabeça, porque capacetes mesmo que se quisessem usar não existiam...lolol
Foi numa tarde qualquer de Agosto que uma miúda (que se chamava Magda, senão me engano e que uns anos mais tarde me dislumbrou com os seus atributos...bem...avançando) com uns pontapés bem dados nas rodinhas as revirou para trás e disse que me ensinava a andar sem elas e com a famosa promessa de eu seguro em ti para não caíres me incitou a pedalar sozinho na falsa confiança do seu equilíbrio... Foi um momento brilhante quando me esmurrei todo no chão uns 20 metros depois de me ter apercebido que pedalava apenas com o meu equilibrio...pronto a gravidade falou mais alto e lá fui eu a correr para casa todo orgulhoso com os joelhos e os cotovelos a sangrar pedir ao meu avô uma bicicleta maior e melhor...e claro, sem RODINHAS...
E foi assim que, graças à generosidade do meu avô e à minha ingenuidade com uma rapariga chamada Magda (com uns optimos atributos uns anos mais tarde), que começou a minha educação nas duas rodas...
Depois das bicicletas, passei por uma evolução natural no mundo das duas rodas e até agora todas as minhas motos foram poemas de alegrias que torneavam a estrada como uma mão apaixonada percorre o corpo de uma mulher...Bolas...agora até me arrepiei a escrever isto, eu não devo andar muito bom da cabeça...vá! Não te distraias!!! Motas, Motas, Motas...
E começou tudo com a famosa Yamaha DT 50 LC, (LC para os amigos ou para os seus condutores, foi uma geração que começou com estas motorizadas, o LC quer dizer Liquid Cooled, e foram vendidas tantas em Portugal que os Japonecas até lançaram um modelo que era a DT 50 LC - Cabo da Roca) 7 cavalitos de potência, dava 90km/h e a descer esganava-se todo para chegar aos 95...lolol
Quando fiz 19 anos decidi que tinha que crescer para uma Suzuki GSX750F e com uns módicos 107 cavalitos abriu-me o horizonte além dos 200km/h.
Por motivos de força-maior (ou seja, não quero falar aqui...lol) baixei para os 60cv de uma Honda Africa-Twin que apesar de pastelona era um gozo nas curvas. Era a verdadeira tola, deitava-se nas curvas como uma profissional da profissão mais antiga do mundo...
Um ano depois decidi-me pelo erotismo da velocidade e veio a minha melhor amiga, a Honda CBR 1100XX, que ao longo de 4 anos me facultou os seus 164cv e me abriu o horizonte dos 300km/h...haaaaaa saudade...
Mas teve que ser...tive que apostar a sério na pornografia e eis que desde há um ano para cá sou acompanhado pela loucura e rebeldia de uma Kawasaki ZX12R com os seus 182cv... Ei-la a espera de umas curvas...
Foi uma grande evolução desde as rodinhas e posso dizer que a experiência é alucinante. Para quem não sabe a moto é uma trapalhada total, o acelerador é no punho direito, a embraiagem é nos dedos esquerdos, o travão da frente é nos dedos direitos e as mudanças no pé esquerdo reduzem-se para baixo e metem-se para cima. O travão de trás é no pé direito. No meio desta confusão toda o universo chega a um equilíbrio único que passo a descrever...
Imaginem passar as portagens de grijó(se é que estas ainda existem) tirar o tiquet e sentir um "clank" ao meter primeira, rodar ligeiramente o punho e arrancar suavemente para uma recta aberta sem carros (enlatados na nossa linguagem) e deixar evoluir a primeira passando suavemente para 2ª e abrir ligeuiramente mais o gaz... O motor começa a cantar ao bater nas 5500 rotações e instintivamente começamos a recolher o corpo ao passar para 3ª. Os 140km/h chegam a correr e em 4ª escondemos a cara atrás do vidro com a vergonha de passar os 200km/h com mais 3 ou 4 mil rotações para dar e a 5ª e a 6ª ainda por meter...Encosta-se o rabo bem atrás no banco e os cotovelos quase que tocam os joelhos, escudados pelo vidro passa-se para 5ª e o motor mais solto continua a vibrar possantemente e o conta kilometros grita...240,250,ooopssssss...280...mete 6ª e com o coração a bater como uma manada de vacas gordas a correr, estremece o corpo ao pensar que mesmo assim o motor ainda dá mais e os 300 batem à porta, os rails e as árvores passam a ser uma mancha cinza-verde. O barulho do vento no capacete é ensurdecedor e o barulho do escape fica para trás, é difícil respirar e o punho não roda mais...a moto começa a embalar e depois dos 320 já precisa de um empurrãozito para chegar aos 330...
Enfim...amanhâ vou andar de moto, obrigado avô por todas as ajudas e apoio e à Magda também, por ter partido as minhas rodinhas e pelos excelentes atributos que mais tarde veio a revelar...só é pena ser mais velha e nunca me ter dado as horas do dia...lolol
Saudações "Motards"
DiNiS - 3042
PS - Peço imensa desculpa pelo cumprimento do POST, entusiasmei-me, mas a 300km/h chega-se ao fim num instante.lolol Obrigado pela paciência.
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